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As Cartas da Corte

  • Foto do escritor: Fernanda Bienhachewski
    Fernanda Bienhachewski
  • 7 de nov.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de nov.

O Tarô é um mapa fascinante da experiência humana, dividido em duas grandes partes. Os 22 Arcanos Maiores correspondem a uma jornada em espiral que representa nosso mundo interior, nossa consciência e destino, traduzindo situações da vida que são universais a todos nós. Já os 56 Arcanos Menores trazem o foco para o mundo mundano, representando a manifestação dos fatos e as situações mais reais e corriqueiras do nosso dia a dia, nos oferecendo reflexões sobre questões concretas. E é dentro deste segundo grupo que encontramos uma das partes mais intrigantes do baralho: as Cartas da Corte, também conhecidas como Figuras ou Trunfos.


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Para entender essas cartas, precisamos nos lembrar do contexto histórico de sua criação, a Europa Renascentista do século XVI, uma época de forte influência do passado feudal. A estrutura da Corte, com seus Reis, Rainhas, Cavaleiros e Pajens ou Valetes (os jovens mensageiros), era o centro da vida política e social. O Tarô, em origem era um mero jogo de cartas, voltado ao entretenimento das elites, que refletiu essa hierarquia. Foi só a partir do século XVIII, com o movimento esotérico, que essas figuras deixaram de ser meros personagens de jogo para se tornarem arquétipos poderosos de personalidade, traços psicológicos e, frequentemente, pessoas reais na vida do consulente.


A chave para decifrar a Corte é combinar dois significados essenciais: o Naipe e o Posto Real. Segundo o livro "O caminho do Tarô" de Alejandro Jodorowsky, os quatro naipes são associados a quatro "reinos" diferentes, que representam as grandes áreas da nossa vida: Ouros é o reino da matéria e da necessidade; Paus, o do desejo, da paixão e da sexualidade; Copas, o reino emocional e dos sentimentos; e Espadas, o do intelecto e dos pensamentos. Cada Ás atua como o centro desse castelo. A figura da Corte, por sua vez, demonstra uma hierarquia de quatro personagens em cada Naipe: o Valete, que está às portas do palácio, representando o potencial, o início, a hesitação e o que é pueril; a Rainha, que reside dentro dele, simbolizando o olhar concentrado sobre seu naipe, a interiorização, o conforto e a estabilidade; o Rei, que observa de cima da torre, desfrutando e tendo consciência do mundo exterior, voltando sua ação a ele e representando o domínio e a autoridade; e o Cavaleiro, que está do lado externo, em missões e batalhas, voltado à exploração, ao avanço e à conquista.


Portanto, as Cartas da Corte nos mostram quem está agindo e como essa energia está se manifestando em uma leitura. Elas podem simbolizar tanto uma atitude que o consulente deve adotar, um caminho psicológico que ele está trilhando, um aspecto de si mesmo, ou o retrato de alguém importante em sua vida. A interpretação mais profunda une a energia do Posto Real – que pode ser o potencial (Pajem), a ação (Cavaleiro), a sabedoria interior (Rainha) ou a liderança (Rei) – com a área da vida regida pelo Naipe, seja ela a paixão (Paus), o intelecto (Espadas), as emoções (Copas) ou o material (Ouros).


Elas são cartas essenciais, e quando combinadas a um Arcano Maior, podem também representar personalidades cujas ações são dominadas pelo naipe e pelo posto da carta. Lembre-se, porém, de uma dica importante: as figuras da Corte representam arquétipos, e não gêneros; um homem pode manifestar a sabedoria da Rainha, e uma mulher pode encarnar o domínio do Rei. Elas são um lembrete de que, para navegarmos na vida, precisamos dominar e equilibrar todas essas energias dentro de nós.




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